A endometriose é uma condição ginecológica complexa e inflamatória que afeta milhões de mulheres no mundo. Essa condição ocorre quando o tecido que normalmente recobre o interior do útero cresce fora dele, causando uma série de problemas de saúde que impactam diretamente a qualidade de vida das pacientes. Recentemente, uma boa notícia foi anunciada no Brasil: o Sistema Único de Saúde (SUS) vai ofertar novos tratamentos para reduzir a progressão da endometriose e melhorar a qualidade de vida das pacientes, conforme comunicou o Ministério da Saúde.
Entre as novas opções de tratamento que estão sendo incorporadas ao SUS estão o Dispositivo Intrauterino Liberador de Levonogestrel (DIU-LNG) e o desogestrel, ambos com um papel significativo no controle da doença e na diminuição dos sintomas. Este avanço está alinhado com uma crescente necessidade de garantir cuidados mais eficazes e inovadores para as mulheres que sofrem com essa condição.
O que é a Endometriose?
A endometriose é uma condição crônica que afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, abrangendo mais de 190 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O endométrio, tecido que reveste o útero, pode crescer em locais como ovários, intestinos e até na bexiga. Essa deslocação e multiplicação causam inflamações, dor intensa e podem levar a problemas de infertilidade.
O quadro clínico da endometriose pode ser bastante variado. Algumas mulheres apresentam sintomas leves, enquanto outras podem sofrer com dores debilitantes. Entre os sintomas mais comuns estão:
- Cólica menstrual intensa.
- Dor pélvica crônica.
- Dor durante a relação sexual.
- Infertilidade.
- Queixas intestinais e urinárias com padrão cíclico.
Além dos sintomas físicos, a endometriose também pode afetar a saúde emocional e mental das pacientes, levando a uma diminuição da qualidade de vida e impacto nas relações sociais e profissionais.
SUS vai ofertar novos tratamentos para reduzir progressão da endometriose e melhorar qualidade de vida das pacientes — Ministério da Saúde
Com a recente incorporação do DIU-LNG e do desogestrel no SUS, espera-se que muitas mulheres que convivem diariamente com os desafios da endometriose possam encontrar novas possibilidades de tratamento que não apenas aliviem os sintomas, mas também combatam a progressão da doença.
O DIU-LNG é uma tecnologia que inibe o crescimento do tecido endometrial fora do útero, uma escolha particularmente valiosa para mulheres que não podem utilizar anticoncepcionais orais combinados (COCs). Este dispositivo tem a vantagem de necessitar de troca apenas a cada cinco anos, facilitando a adesão ao tratamento, algo que também contribui para um manejo mais eficaz da condição.
Por outro lado, o desogestrel é um anticoncepcional hormonal que age inibindo a ovulação e bloqueando a atividade hormonal responsável pelo crescimento do endométrio fora do útero. Ele pode ser utilizado desde a avaliação clínica inicial da paciente, o que significa que pode ser prescrito mesmo antes do diagnóstico confirmado, dando assim um suporte imediato na gestão da dor e dos sintomas.
Os tratamentos hormonais têm sido uma linha de frente eficaz no tratamento da endometriose, reduzindo o tamanho das lesões e aliviando a dor. No entanto, é importante que as pacientes sejam acompanhadas de perto por profissionais de saúde qualificados, que podem determinar a abordagem mais adequada para cada caso específico.
Aumentos nas Taxas de Atendimento e Diagnóstico
É importante ressaltar que o SUS já oferece um atendimento integral para mulheres com endometriose. De acordo com dados recentes, houve um aumento significativo na assistência relacionada ao diagnóstico da doença na Atenção Primária. Entre 2022 e 2024, o número de atendimentos cresceu 30%, passando de 115.131 para 144.970. Esse aumento demonstra um esforço no reconhecimento e no manejo efetivo da endometriose em todo o Brasil.
Na Atenção Especializada, o crescimento foi ainda mais expressivo, com um aumento de 70% no número de atendimentos, saltando de 31.729 em 2022 para 53.793 em 2024. Isso reflete a importância de estratégias de saúde pública focadas no empoderamento das mulheres, garantindo que tenham acesso a diagnósticos e tratamentos apropriados.
Esse atendimento abrangente inclui tanto opções de tratamento clínico — como terapias hormonais e analgésicos — quanto intervenções cirúrgicas, quando necessário. As opções cirúrgicas disponíveis variam desde a videolaparoscopia até procedimentos mais complexos, sempre com o objetivo de remover focos da doença e aliviar os sintomas.
O Papel do SUS e da Sociedade Civil
O sistema público de saúde tem um papel crucial no enfrentamento da endometriose, e a nova incorporação de tratamentos é um passo significativo nesse sentido. A estratégia é não apenas disponibilizar novos medicamentos, mas também adequar os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, garantindo que todos os profissionais de saúde envolvidos estejam capacitados para oferecer o melhor atendimento possível às pacientes.
A Conitec, responsável pela recomendação dos novos tratamentos, tem trabalhado com base nas melhores evidências científicas, o que demonstra um comprometimento com a atualização tecnológica e a qualidade dos cuidados na saúde pública. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou que mais do que inovação, trata-se de garantir cuidado oportuno e eficaz para milhares de mulheres.
Além disso, a conscientização da sociedade civil sobre a endometriose é fundamental. Campanhas educativas e programas de informação ajudam a desmistificar a doença, encorajando as mulheres a buscar ajuda quando necessário. Muitas vezes, o estigma e a ignorância sobre a condição podem levar a um diagnóstico tardio e a um tratamento inadequado, agravando os sintomas e a qualidade de vida.
Alternativas de Tratamento na Rede Pública
As mulheres com endometriose têm direito a uma abordagem multidisciplinar no tratamento, que pode incluir desde acompanhamento psicológico até fisioterapia, além dos tratamentos médicos. Isso é essencial, pois a endometriose não afeta apenas a saúde física, mas também pode ter um impacto emocional significativo.
Os cuidados no SUS englobam uma variedade de intervenções:
- Terapia Hormonal: além do DIU-LNG e do desogestrel, as pacientes têm acesso a outras terapias hormonais que podem melhorar os sintomas.
- Analgésicos e Antiinflamatórios: são utilizados para controle da dor, que é uma das queixas mais comuns associadas à endometriose.
- Acompanhamento Multidisciplinar: profissionais de várias áreas, como ginecologistas, nutricionistas e psicólogos, podem colaborar na elaboração de um plano de tratamento abrangente.
Nos casos em que há necessidade de cirurgia, o SUS também oferece opções que podem ser essenciais para o manejo eficaz da doença, como a remoção de focos de endometriose ou, em casos mais graves, a histerectomia.
A Importância do Diagnóstico Precoce
O diagnóstico precoce da endometriose é fundamental, uma vez que a detecção e o tratamento em estágios iniciais podem prevenir a progressão da doença e melhorar drasticamente a qualidade de vida das pacientes. Os médicos devem estar atentos aos sinais e sintomas que podem indicar a presença da doença, e as mulheres devem estar informadas sobre os sinais de alerta que devem levar à consulta médica.
O conhecimento e a conscientização sobre a endometriose ajudam a criar um ambiente onde as mulheres se sintam seguras para discutir suas questões de saúde sem medo de serem julgadas. Esse é um aspecto vital na luta contra a endometriose, e o SUS se vê cada vez mais comprometido em direcionar esforços nesse sentido.
Perguntas Frequentes
As pacientes e suas famílias muitas vezes têm dúvidas sobre a endometriose e como os novos tratamentos podem impactar suas vidas. Aqui estão algumas perguntas frequentes:
O que é endometriose e quais são seus sintomas?
A endometriose é uma condição em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero, causando dor e outros sintomas, como cólicas severas e problemas de fertilidade.
Como o DIU-LNG funciona para a endometriose?
O DIU-LNG libera levonorgestrel, que ajuda a inibir o crescimento do tecido endometrial fora do útero, aliviando a dor e os sintomas.
O desogestrel pode ser utilizado antes do diagnóstico confirmado?
Sim, o desogestrel pode ser prescrito durante a avaliação clínica inicial, mesmo antes do diagnóstico formal, para aliviar sintomas.
O que o SUS oferece em termos de tratamento para endometriose?
O SUS oferta terapia hormonal, analgésicos, opções cirúrgicas e acompanhamento multidisciplinar para tratamento da endometriose.
Qual é a importância do diagnóstico precoce para a endometriose?
O diagnóstico precoce permite tratamento imediato e eficaz, prevenindo a progressão da doença e melhorando a qualidade de vida das pacientes.
Como a sociedade pode ajudar na conscientização sobre a endometriose?
Campanhas de informação e educação são cruciais para desmistificar a doença e encorajar as mulheres a buscar tratamento.
Conclusão
A recente inclusão do DIU-LNG e do desogestrel no tratamento da endometriose, juntamente com o comprometimento do SUS em oferecer um atendimento integral e de qualidade, marca um avanço significativo para milhões de mulheres no Brasil. Ter acesso a novos tratamentos não só reduz a progressão da endometriose, mas também melhora a qualidade de vida e o bem-estar das pacientes.
Investir em informação e conscientização sobre a endometriose é fundamental. À medida que a sociedade avança nessa direção, é importante lembrar que a saúde da mulher deve ser uma prioridade, e que cada passo dado para promover um tratamento eficaz representa uma vitória na luta contra a endometriose. Com esses novos tratamentos disponíveis, esperam-se dias melhores para todas as mulheres que enfrentam essa condição.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.