A realidade dos pacientes crônicos no Brasil, especialmente aqueles que dependem de um tratamento contínuo, como os renais, é marcada por desafios que muitas vezes vão além da doença em si. No cenário atual, relatos de dificuldades no agendamento de consultas e na obtenção de medicamentos essenciais têm gerado preocupações significativas. Um desses relatos, que vem à tona, é o de pacientes renais crônicos que enfrentam obstáculos para conseguir atendimento na Policlínica Coronel Mota, em Boa Vista. A situação se agrava com a implementação do novo sistema de agendamento, que depende do aplicativo MeuSUS.
O caso de Helenalda Rodrigues, residente em Rorainópolis e paciente renal crônica, ilustra bem a questão. Segundo ela, sua última consulta ocorreu há mais de oito meses e, desde então, tentativas para agendar novas consultas têm sido frustradas, deixando-a sem os medicamentos necessários. A dificuldade em utilizar o aplicativo e o novo sistema de agendamento são apontados como os principais responsáveis por essa ineficiência.
Paciente renal denuncia dificuldade no agendamento de consulta por app no Coronel Mota
Os desafios enfrentados por Helenalda não são exclusivos e refletem uma realidade mais ampla para muitos pacientes. A transição para um sistema digital de agendamento pode trazer muitos benefícios, mas também pode resultar em perda de acessibilidade e eficiência, especialmente para aqueles que não estão familiarizados com a tecnologia ou que moram em regiões mais remotas. Esse cenário nos leva a refletir sobre a importância de um atendimento humanizado e acessível a todos, independentemente de suas condições.
Com base em diversas entrevistas e relatos, vamos explorar os principais problemas enfrentados pelos pacientes renais crônicos no processo de agendamento de consultas e como esse sistema pode ser aprimorado para garantir que todos tenham acesso ao atendimento que necessitam.
O impacto da tecnologia na saúde: uma faca de dois gumes
A implementação de tecnologias na saúde visa, em última análise, melhorar a eficiência dos serviços e facilitar o acesso às informações. Contudo, o uso de aplicativos como o MeuSUS pode criar uma barreira para muitos pacientes. A depender da familiaridade do paciente com a tecnologia, o resultado pode ser positivo ou negativo. Para muitas pessoas, especialmente aquelas mais velhas ou que vivem em áreas com pouca infraestrutura digital, a dependência de um aplicativo pode significar a perda de um canal essencial para acesso aos serviços de saúde.
Além disso, a necessidade de agendamento esporádico, muitas vezes de forma digital, sem a possibilidade de suporte humano em tempo real, pode representar uma frustração significativa. O sistema, que deve facilitar a programação de consultas, pode, na verdade, amplificar as incertezas e dificuldades experimentadas por quem precisa de um acompanhamento periódico.
O caso de Helenalda e sua realidade como paciente renal crônica
Helenalda Rodrigues, ao compartilhar sua história, traz à tona uma série de questões críticas. Com o diagnóstico de doença renal crônica, ela sabe da importância de consultas regulares e do acesso rápido aos medicamentos corretos. No entanto, a frustração acumula-se quando a tecnologia não funciona a favor de sua necessidade.
Ela relata que, após meses sem conseguir um agendamento, seu nome constava na lista de espera sem qualquer confirmação de data. A sensação de impotência diante de um sistema que deveria estar ali para ajudar é refletida em suas palavras, onde ela menciona a possibilidade de ser atendida apenas através de contatos via WhatsApp, que também não trouxeram respostas satisfatórias.
Desafios enfrentados por muitos: um clamor por melhorias
Helenalda não está sozinha em suas reivindicações. Outros pacientes têm relatado situações semelhantes, ressaltando que o processo atual não atende às necessidades de quem depende de cuidados médicos contínuos. A Secretaria de Saúde esclareceu que a falta de agendamento imediato reflete um problema no sistema em si e não um descompasso no atendimento – uma resposta que, embora possa parecer adequada, não alivia a insegurança que muitos pacientes sentem ao lidar com a incerteza de receber o tratamento necessário.
O direito à informação e a busca por soluções
Diante desse cenário, é fundamental que os organismos responsáveis pela saúde pública considerem não só a implementação de novas tecnologias, mas também a adesão e a acessibilidade a essas ferramentas. A comunicação clara e a transparência acerca dos processos de agendamento são essenciais para garantir que os pacientes sintam que estão sendo ouvidos e atendidos.
A criação de um canal de comunicação eficiente pode fazer toda a diferença, desde o suporte técnico para o uso do aplicativo até a equipe responsável por atender chamadas e mensagens relacionadas ao agendamento. Um contato humano é imprescindível, pois oferece um apoio emocional e uma sensação de confiança para os pacientes que, em muitos casos, estão lidando com questões de saúde que afetam não apenas seu bem-estar físico, mas também seu estado emocional.
Possíveis soluções: integração e humanização no atendimento
Para resolver as dificuldades relatadas, uma abordagem mais integrada e humanizada poderia ser considerada. Um atendimento que combine tecnologia com suporte humano tende a ser mais eficaz. Isso incluiria:
- Treinamento para a equipe de saúde sobre como utilizar o aplicativo com os pacientes, garantindo que a tecnologia seja uma aliada e não um obstáculo.
- Criação de tutoriais e guias acessíveis para ajudar pacientes e familiares a navegarem pelo aplicativo.
- Melhoria no sistema de comunicação, seja por chamadas telefônicas, WhatsApp ou e-mails, assegurando que os pacientes tenham um canal constante de dúvidas e agendamentos.
- Implementação de horários específicos para atendimento presencial em que os pacientes possam receber ajuda com o agendamento.
Essas ações não somente melhorariam o acesso a médicos especialistas, mas também fomentariam um ambiente mais acolhedor e compreensivo, onde o paciente se sente valorizado e ouvido.
Perguntas frequentes
Como posso agendar uma consulta na Policlínica Coronel Mota?
Para agendar uma consulta, você deve utilizar o aplicativo MeuSUS ou se informar diretamente na unidade de saúde.
As consultas estão mesmo agendadas no systema?
Sim, mas há relatos de que pacientes não têm conseguido acessá-las, e as questões devem ser avaliadas pela Secretaria de Saúde.
O que fazer se a consulta agendada não for confirmada?
É recomendado entrar em contato diretamente com a Policlínica Coronel Mota ou com a Central de Atendimento do SUS.
É possível fazer consultas de emergência neste sistema?
Sim, mas é importante verificar diretamente com a unidade de saúde sobre os procedimentos em situações de urgência.
Como posso obter informações sobre medicamentos?
Os pacientes podem solicitar informações sobre medicamentos diretamente na clínica onde são atendidos ou consultar o aplicativo MeuSUS.
A tecnologia está dificultando o acesso ao atendimento?
Sim, muitos pacientes relatam dificuldades em utilizar o aplicativo e em agendar consultas, criando um ambiente de insegurança.
Considerações finais
A situação enfrentada por pacientes renais crônicos na Policlínica Coronel Mota levanta questões cruciais sobre a integração entre a tecnologia e o atendimento médico. As experiências compartilhadas por Helenalda e outros pacientes refletem a necessidade de um sistema mais acessível e humano. As melhorias devem ser implementadas com urgência, priorizando o contato humano e a comunicação clara. Os desafios são reais, mas é possível superá-los com esforços conjuntos de pacientes, profissionais de saúde e autoridades responsáveis. É fundamental garantir que todos tenham direito à saúde e ao atendimento que precisa, independentemente da tecnologia envolvida.
Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.