O Censo Nacional das Unidades Básicas de Saúde (UBS) realizado pelo Ministério da Saúde revelou uma realidade preocupante em relação à distribuição de profissionais médicos no Brasil. A pesquisa, realizada em 2024 e divulgada em junho de 2025, apontou que a região Norte é a mais afetada, apresentando uma taxa alarmante de 13,1% das suas unidades operando sem médicos. Esse cenário contrasta fortemente com a realidade do Sudeste, onde apenas 1,4% das UBS estão na mesma situação. Este artigo analisa as implicações dessa disparidade, a infraestrutura das unidades de saúde e as formas de acesso aos serviços de saúde nas diversas regiões do país.
Norte é a região com menos médicos em unidades de saúde
A escassez de médicos nas unidades de saúde da região Norte é um tema que merece atenção. Com apenas 7,9% das UBS contando com equipes de quatro ou mais médicos, o desafio se agrava quando se considera que a maioria das unidades opera com um único profissional de saúde. Ao redor de 53,7% das UBS em todo o Brasil estão nesta situação, mas o Norte quebra essa média, evidenciando uma carência significativa de recursos humanos em áreas essenciais de atendimento.
O contexto social da região também contribui para esse cenário. O Norte do Brasil, abrangendo Estados como Amazonas, Acre e Rondônia, enfrentaólicos desafios geográficos e sociais, que dificultam ainda mais o acesso à saúde. Muitas dessas áreas são remotas, o que implica que os profissionais médicos que se dispõem a trabalhar lá enfrentam não apenas a falta de infraestrutura, mas também dificuldades logísticas e condições de vida que podem ser consideradas adversas.
Embora o Censo mostre que a renovação da infraestrutura de saúde está em curso, com 18,4% das UBS construídas nos últimos cinco anos, isso não é suficiente para mudar o quadro. A ênfase deve ser dada, portanto, ao fortalecimento da formação de profissionais e incentivos para que médicos possam se fixar nas regiões mais carentes.
A infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde
A necessidade de melhorias na infraestrutura das UBS não pode ser negligenciada. O censo revelou que 60,4% das unidades precisam de reforma ou ampliação, um dado que é alarmante. Com apenas 31,1% das unidades em ótimas condições e 31% delas afirmando que precisam de reformas, é evidente que um investimento substancial é necessário. Resolver problemas de infraestrutura é fundamental para garantir que as unidades possam oferecer um atendimento de qualidade.
A infraestrutura inadequada afeta não só o atendimento, mas também a moral dos profissionais de saúde que trabalham nessas condições. Um ambiente de trabalho precário pode levar ao desânimo, fazendo com que médicos e enfermeiros deixem suas posições, exacerbando ainda mais a falta de recursos humanos. Assim, a relação entre infraestrutura, condições de trabalho e a presença de médicos é uma questão interligada que deve ser endereçada de maneira holística.
Formas de agendamento e acesso aos serviços de saúde
Em relação ao acesso aos serviços de saúde, o censo indicou que 93,8% das UBS oferecem a possibilidade de agendamento de consultas de forma presencial. Outras opções, como agendamentos por telefone e WhatsApp, estão disponíveis em 67,2% e 66,3% das unidades, respectivamente. Essa diversidade de opções é um passo positivo, especialmente em tempos onde a tecnologia pode facilitar a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes.
Entretanto, a limitação do uso de aplicativos como “Meu SUS Digital” ainda representa um obstáculo à modernização do sistema de saúde. Com a presença reduzida deste recurso na rede, muitos usuários permanecem familiarizados com métodos tradicionais que, embora funcionais, não são tão eficientes quanto poderiam ser. A adesão ao uso de tecnologias digitais é crucial para agilizar o fluxo de informações e melhorar o atendimento ao paciente.
Desafios e oportunidades
O panorama descrito nos dados do censo identifica uma lacuna crítica entre as diferentes regiões do Brasil. Ao concentrar esforços na melhoria das condições nas UBS do Norte, o país pode não apenas resolver o problema imediato da falta de médicos, mas também estabelecer um sistema de saúde mais equitativo e eficiente.
Além disso, o engajamento da comunidade local pode ser uma ferramenta poderosa na busca por soluções. Programas que incentivem a formação de profissionais da área médica nas próprias comunidades podem ajudar a cultivar um senso de pertencimento e responsabilidade em relação à saúde local. Essa é uma estratégia que precisa ser considerada com urgência.
Perdas e danos causados pela falta de médicos
A ausência de médicos nas unidades de saúde não afeta apenas a saúde da população, mas também repercute na economia local. Muitas vezes, populações que carecem de cuidados preventivos e tratamentos apropriados enfrentam taxas mais altas de doenças e complicações que, por sua vez, podem aumentar os custos com saúde pública.
A saúde da população é um investimento que deve ser priorizado. Quando uma doença não é tratada adequadamente, as consequências afetam não apenas o paciente, mas a sociedade como um todo. Portanto, a urgência em abordar a falta de médicos no Norte deve ser vista como uma prioridade nacional.
Questões frequentes
Como a falta de médicos impacta a saúde da população no Norte?
A falta de médicos provoca um aumento nas taxas de doenças não tratadas, resultando em complicações que poderiam ser evitadas e afetando a qualidade de vida da população.
Quais são os principais obstáculos para a fixação de médicos na região Norte?
Os principais obstáculos incluem condições de vida difíceis, logística complicada e a ausência de infraestrutura adequada nas unidades de saúde.
O que pode ser feito para melhorar a situação nas UBS do Norte?
É necessário um investimento significativo em infraestrutura, além de programas que incentivem a formação de profissionais de saúde nas próprias comunidades.
Como a tecnologia pode ajudar a melhorar o acesso aos serviços de saúde?
A tecnologia pode otimizar agendamentos e facilitar a comunicação entre pacientes e profissionais de saúde, além de modernizar sistemas de informação.
Quais medidas podem ser tomadas para incentivar médicos a trabalhar no Norte?
Oferecer incentivos financeiros, programas de habitação e benefícios que tornem a vida na região mais atrativa podem ajudar na fixação de profissionais.
O que o governo pode fazer para remediar essa situação?
O governo deve priorizar investimentos em saúde, promover treinamentos e incentivos para formadores de profissionais de saúde, e melhorar a infraestrutura das UBS.
Conclusão
A análise do Censo Nacional das Unidades Básicas de Saúde indica que a realidade da saúde no Brasil é desigual, com a região Norte enfrentando sérios desafios em relação ao número de médicos e condições das UBS. Melhorar essa situação requer um esforço coletivo e uma abordagem estratégica para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a cuidados médicos de qualidade. A colaboração entre governos, profissionais de saúde e comunidades é fundamental para criar um sistema de saúde robusto e equitativo em todo o Brasil.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.