Planos de saúde passam a atender pacientes do SUS; entenda como funcionará


Planos de saúde passam a atender pacientes do SUS; entenda como funcionará

A partir de agosto, uma nova era se inicia no Brasil no que diz respeito à saúde pública. O Ministério da Saúde implementa um sistema inédito que permitirá que planos de saúde atendam pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em diversas especialidades. Essa iniciativa surge com o intuito de reduzir as longas filas de espera para consultas e tratamentos básicos, e representa uma mudança significativa para o sistema de saúde no país. No decorrer deste artigo, detalharemos os principais aspectos dessa proposta, seus objetivos e implicações para os pacientes, profissionais de saúde e operadoras.

Objetivos do Programa “Agora Tem Especialistas”

A proposta do Ministério da Saúde, denominada “Agora tem especialistas”, apresenta uma série de objetivos claros e bem definidos. O principal deles é mitigar o tempo de espera por consultas em especialidades consideradas críticas, como oncologia e ginecologia, entre outras. Até então, os longos períodos de espera para atendimentos podem levar a situações de emergência que poderiam ser prevenidas com intervenções médicas adequadas.


Além disso, a medida também propõe que operadoras de saúde suplementar quitem parte de suas dívidas com o governo. Por meio da prestação de serviços médicos, cerca de R$ 750 milhões em débitos serão convertidos em atendimentos especializados. Essa estratégia não só dará alívio financeiro às operadoras, mas também permitirá que mais pacientes tenham acesso aos cuidados médicos necessários, fazendo com que a saúde pública avance de maneira significativa.

Em resumo, o programa busca:

  1. Reduzir as filas de espera: oferecer atendimento especializado à população.
  2. Facilitar o trabalho das operadoras: permitindo que quitam dívidas através de atendimentos médicos.
  3. Integrar dados de atendimentos: por meio de uma plataforma eletrônica, que agendará e organizará os atendimentos de forma eficiente.

Como funcionará o atendimento aos pacientes?

Uma das grandes preocupações da população sempre foi sobre como funcionará o atendimento nessa nova modalidade. De acordo com as diretrizes do programa, o atendimento aos pacientes do SUS na rede privada será gratuito, preservando a essência do que define o sistema público — a gratuidade.

As operadoras de saúde que desejam participar do programa devem atender algumas exigências. Primeiro, elas precisam aderir a um edital da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e comprovar a capacidade de realizar mais de 100 mil atendimentos por mês. Para áreas com menor cobertura, essa exigência pode ser reduzida para 50 mil atendimentos mensais.


As marcações de consultas, diferentemente do que acontece habitualmente, não serão feitas diretamente pelos pacientes. A gestão ficará nas mãos dos estados e municípios, que poderão avaliar as áreas prioritárias de atendimento e gerenciar as filas. Isso significa que as equipes de saúde pública serão responsáveis por indicar onde e quando os pacientes serão atendidos.

Ainda, a utilização do aplicativo Meu SUS Digital será essencial. Ele integrará os dados dos atendimentos realizados, permitindo um acompanhamento médico mais ágil e eficaz. Esse sistema é uma inovação importante, pois maximiza a comunicação entre os serviços públicos e privados e melhora a experiência do paciente, facilitando o diagnóstico e o tratamento.

Exigências para operadoras e fiscalização ativa

Outro ponto crucial para a iniciativa é a regulamentação das operadoras que aderirem ao programa. A ANS será a responsável pela fiscalização e controle sobre a execução das atividades das operadoras, garantindo que não haja prejuízos à carteira de clientes já existentes.

As operadoras com dívidas acumuladas terão a possibilidade de transformar até 30% de suas dívidas em atendimentos ao SUS se a dívida for superior a R$ 10 milhões. Para dívidas entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, esse percentual pode ser de 40%, e para valores inferiores a R$ 5 milhões, até 50% de conversão será permitido.

Essas diretrizes têm como objetivo garantir que as operadoras não deixem de atender seus clientes que já pagam por planos de saúde. Assim, tanto os usuários dos planos de saúde quanto os pacientes encaminhados do SUS podem se beneficiar dessa melhoria na infraestrutura de atendimento.

Impacto esperado na saúde pública

A expectativa quanto ao impacto dessa medida é otimista. Especialistas da área de saúde acreditam que essa colaboração entre o sistema público e privado pode trazer soluções significativas para os problemas crônicos enfrentados pelo SUS, especialmente as filas de espera.

De acordo com o médico Darizon Filho, essa estratégia pode representar uma solução prática a curto prazo, mas não se pode afirmar que será uma abordagem duradoura. A soma de dívidas e a gestão delas serão desafios constantes que poderão influenciar a continuidade desse modelo.

Vantagens e limitações do novo sistema

A proposta de permitir que planos de saúde atendam pacientes do SUS apresenta inúmeras vantagens. Entre elas, um aumento imediato na oferta de atendimentos especializados, o que, sem dúvida, trará alívio a muitos pacientes.

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Contudo, existem limitações e riscos identificados por especialistas. O advogado Pedro Stein aponta que a proposta pode gerar efeitos colaterais, como um aumento do tempo de espera em especialidades que já apresentam carência de profissionais qualificados. A eficácia desse programa depende fortemente da fiscalização e da transparência com que for implementado.

A continuidade desse sistema também ficará atrelada à performance do SUS Digital e à colaboração entre as operadoras e os municípios. Uma integração harmônica das partes é que garantirá resultados satisfatórios no atendimento.

Perguntas Frequentes

Quais especialidades médicas estarão disponíveis para pacientes do SUS por meio dos planos de saúde?

Os atendimentos estarão disponíveis nas áreas de oncologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia, ginecologia e otorrinolaringologia.

Como será feita a solicitação de consultas aos planos de saúde?

As solicitações não serão feitas diretamente pelos pacientes, mas sim através de encaminhamentos geridos pelas equipes de saúde pública, como estados e municípios.

O atendimento será cobrado dos pacientes?

Não, o atendimento será gratuito, seguindo a política do SUS, que é garantir serviços de saúde sem custo para a população.

Como posso acompanhar meu tratamento no sistema?

O acompanhamento dos atendimentos pode ser feito por meio do aplicativo Meu SUS Digital, que integrará todas as informações relacionadas aos atendimentos.

As operadoras de saúde terão que se adequar a algum tipo de regulamentação específica para participar do programa?

Sim, as operadoras precisam atender ao edital da ANS e comprovar capacidade operacional superior a 100 mil atendimentos mensais.

E se as operadoras não cumprirem com as exigências estabelecidas?

Caso as exigências não sejam atendidas, a ANS mantêm o poder de fiscalização e pode restringir a participação da operadora no programa.

Considerações Finais

A iniciativa de permitir que planos de saúde atendam pacientes do SUS representa uma mudança positiva no panorama da saúde pública brasileira. Com o intuito de desburocratizar e tornar o acesso à saúde mais ágil e eficiente, o programa “Agora tem especialistas” visa atender a um número maior de pacientes, oferecendo serviços especializados de forma gratuita.

Entender o funcionamento desse sistema será crucial para que a sociedade civil e os órgãos públicos se engajem e façam da saúde uma prioridade. A transição entre os sistemas público e privado pode parecer desafiadora, mas, com a colaboração de todos os envolvidos, há um imenso potencial para transformar o cenário da saúde no Brasil, oferecendo dignidade a quem mais precisa e contribuindo para um futuro mais saudável e esperançoso.