Em Genebra, Brasil protagoniza apresentação de proposta para adaptar o setor saúde às mudanças climáticas


A apresentação da proposta do Plano de Ação de Belém para a Adaptação do Setor Saúde às Mudanças Climáticas, realizada em um evento paralelo à 78ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS/OMS), foi um marco significativo na busca por soluções eficazes para os desafios impostos pelas mudanças climáticas sobre a saúde pública. Este evento aconteceu em Genebra, na Suíça, e foi liderado pelo Brasil, que se posicionou como protagonista na discussão sobre como adaptar os sistemas de saúde às adversidades climáticas. O encontro teve como meta avançar na integração dos temas saúde e clima, preparando o terreno para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que acontecerá em Belém, Pará, em novembro deste ano.

O que torna esse momento tão crucial? A resposta está na crescente evidência de que as mudanças climáticas já estão afetando a saúde em todo o mundo, exacerbando problemas existentes e criando novas ameaças. Assim, o Brasil, em consonância com o que se espera de um líder global, tomou a iniciativa de unir diversos países em um esforço colaborativo para enfrentar essas questões complexas e interligadas.

O Plano de Ação de Belém e suas Diretrizes

O plano apresentado possui três linhas de ação fundamentais. Entre elas, destacam-se:


  1. Fortalecimento da Preparação e Estoques Estratégicos: Essa diretriz se concentra na construção de estoques robustos de suprimentos, vacinas e medicamentos, garantindo que o setor saúde esteja devidamente preparado para responder a emergências sanitárias relacionadas ao clima.

  2. Criação de uma Lista de Ameaças Climáticas: O plano propõe desenvolver um inventário baseado em evidências que categorize doenças, condições e suas respectivas vulnerabilidades em relação às mudanças climáticas, apoiado por referências científicas tanto nacionais quanto internacionais.

  3. Promoção de Políticas Integradas de Saúde e Meio Ambiente: A terceira linha de ação incentiva a criação de políticas públicas que articulem práticas de saúde com a proteção ambiental, promovendo um sistema de saúde mais sustentável e resiliente.

Esse enfoque é essencial para lidar com a complexidade das interações entre saúde e clima, especialmente considerando a vulnerabilidade das populações mais afetadas. À medida que as condições climáticas continuam a mudar, o risco de pandemias e outras crises sanitárias só aumenta, reforçando a necessidade de um sistema de saúde que consiga se adaptar rapidamente.

O Papel do Brasil como Líder Global

O ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, expressou claramente durante o evento a importância de se construir sistemas de saúde resilientes e equitativos. Ele afirmou: “A inação seria uma irresponsabilidade e deixaria as populações expostas à própria sorte frente aos impactos climáticos, especialmente as mais vulneráveis”. Com essa afirmação, Padilha não apenas reafirmou o compromisso do Brasil em liderar a discussão sobre saúde e clima, mas também sublinhou a responsabilidade moral que os países têm em proteger suas populações.


A adesão de outros países a esse “mutirão global pela adaptação dos sistemas de saúde” é um passo fundamental. Focar nas populações mais vulneráveis é vital, uma vez que são essas comunidades que frequentemente enfrentam os maiores desafios em termos de saúde e segurança. Esse tipo de abordagem colaborativa é um exemplo claro de como o multilateralismo ainda pode ser eficaz, mesmo em tempos de crescentes tensões geopolíticas.

Evidências Científicas como Base para Ação

Um dos aspectos mais positivos do plano é o seu alicerce em evidências científicas. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, destacou que um plano de ação baseado em dados e pesquisa facilita o acompanhamento dos avanços e desafios enfrentados por cada país. Isso não apenas ajuda na elaboração de políticas mais robustas, mas também estabelece mecanismos de financiamento que podem ser direcionados especificamente para o setor de saúde.

Por exemplo, instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) são fundamentais para esse esforço, pois oferecem orientações e suporte técnico na implementação das diretrizes necessárias. Quando os países trabalham unidos, podem fornecer melhores soluções e tornar a adaptação às mudanças climáticas uma prioridade global.

Preparativos para a COP30 e Além

O plano não será apenas uma proposta isolada, mas um ponto de partida para discussões mais amplas na COP30 em Belém. Durante o próximo ano, espera-se que o Brasil inicie diálogos com a sociedade civil, universidades e outras partes interessadas para enriquecer a abordagem e garantir que todas as vozes sejam ouvidas. Essa inclusão é crucial, pois permite que o plano seja moldado por diferentes perspectivas e experiências.

Além disso, a Conferência Global de Clima e Saúde, programada para julho em Brasília, servirá como um prelúdio importante para a COP30. Essa conferência fornecerá uma plataforma para especialistas e líderes discutirem como integrar as políticas de saúde e clima de maneira eficaz.

A União de Esforços Global

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O evento em Genebra, intitulado “Avançando as Discussões sobre Saúde e Clima Rumo à COP30”, envolveu a participação de vários países, como Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Egito e Azerbaijão. Esta colaboração é vital para assegurar que as ações climáticas tenham coerência e continuidade. A formação da Coalizão de Continuidade de Baku é um exemplo claro de como a colaboração internacional pode fortalecer as iniciativas de saúde.

O Brasil reafirmou o seu compromisso com organismos internacionais, evidenciando que a saúde deve ser tratada como uma questão central nas negociações climáticas. As palavras de Padilha ressoam como um chamado à ação para todos os países envolvidos: “Unamos forças rumo à COP30, trabalhando para consolidar o consenso sobre a urgente necessidade de tratar a saúde como uma questão central”.

Brasil e o Acordo de Pandemias

Em outro momento importante da Assembleia Mundial da Saúde, o Brasil apresentou seu apoio à adoção do Acordo de Pandemias, que visa coordenar respostas eficazes e equitativas para futuras pandemias. Este esforço destaca a necessidade de aprendizado contínuo, especialmente após os desafios impostos pela pandemia de COVID-19. A experiência brasileira, representada pelo embaixador Tovar da Silva Nunes, destaca a importância do consenso e da colaboração internacional na criação de políticas e práticas futuras que favoreçam a saúde global.

Reconhecimento e Avanços no Controle do Tabagismo

Recentemente, o Brasil recebeu o Prêmio Tabaco da OPAS/OMS, um reconhecimento pelas iniciativas no controle do tabagismo, que incluem a implementação de impostos sobre produtos não saudáveis. Isso demonstra que, além das crises climáticas, o país também lidera em esforços de saúde pública com base em políticas preventivas eficazes.

Perguntas Frequentes

Qual é a importância do Plano de Ação de Belém para a saúde?
O plano é crucial para adaptar o setor saúde às mudanças climáticas, visando proteger as populações vulneráveis.

O que é a COP30 e qual seu papel?
A COP30, que ocorrerá em Belém, é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, onde serão discutidas políticas globais sobre clima e saúde.

Como o Brasil se posiciona em relação à saúde e mudanças climáticas?
O Brasil lidera iniciativas para integrar saúde e clima, destacando sua responsabilidade global como anfitrião da COP30.

Quais são as principais linhas de ação do plano apresentado?
O plano inclui o fortalecimento da preparação de suprimentos, a criação de uma lista de ameaças climáticas e a promoção de políticas integradas de saúde e meio ambiente.

Como as evidências científicas auxiliam na formação do plano?
As evidências são essenciais para fundamentar políticas públicas e garantir que ações sejam tomadas de acordo com dados sólidos.

Qual é o papel dos organismos internacionais neste processo?
Organismos como a OMS e a OPAS oferecem suporte técnico e orientações fundamentais para a implementação de políticas eficazes.

Conclusão

Em Genebra, Brasil protagoniza a apresentação de proposta para adaptar o setor saúde às mudanças climáticas — Ministério da Saúde, um avanço significativo em um cenário global marcado por incertezas climáticas. A abordagem integrada que une saúde e meio ambiente é não apenas necessária, mas urgente. Com esse esforço, o Brasil não está apenas se preparando para a COP30, mas também assumindo um papel de liderança que pode inspirar outros países a agir. O caminho à frente é desafiador, mas a união de esforços e a busca por soluções baseadas em evidências são passos essenciais para garantir um futuro mais saudável e sustentável para todos.