O ataque cibernético que afetou o Ministério da Saúde e o ConecteSUS
Um incidente hacker teve início na madrugada desta sexta-feira, impactando vários sistemas do Ministério da Saúde. Em uma declaração oficial, o ministério comunicou aindisponibilidade de diversos dados logo cedo.
Um grupo de hackers reivindicou a responsabilidade pelo ataque. Eles divulgaram no site do Ministério da Saúde e no ConecteSUS que 50 terabytes de dados foram copiados e eliminados, solicitando um contato do governo para devolver as informações. Pouco antes das 7h, a mensagem foi removida.
As repercussões do ataque foram extensas. Em diversos postos de vacinação, ocorreu um aumento nas filas e atrasos no atendimento. Em Goiânia, por exemplo, o registro das doses de vacina era feito manualmente. Em Teresina, a prefeitura registrou as vacinações em um site alternativo. Em Salvador, alguns passageiros foram impedidos de embarcar em ônibus intermunicipais, pois não conseguiram apresentar o comprovante de vacinação devido à inatividade do aplicativo.
Rodrigo Fragola, especialista em segurança cibernética, afirmou que o ataque foi planejado por criminosos organizados.
De acordo com a Polícia Federal, a investigação inicial revelou que os bancos de dados dos sistemas do Ministério da Saúde não foram criptografados pelos hackers.
Como resultado do ataque, o Ministério da Saúde decidiu adiar a implementação das novas regras para viajantes por sete dias. A exigência de quarentena para os não vacinados, que estava programada para começar em 11 de dezembro, foi adiada para 18 de dezembro. Essa decisão gerou críticas, visto que o sistema afetado pelos hackers contém informações apenas dos cidadãos brasileiros. Portanto, o governo poderia manter a exigência de um comprovante de vacinação ou a quarentena para estrangeiros que chegam ao país.
No final do dia, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, explicou a justificativa por trás do adiamento das medidas e ressaltou a avaliação do cenário epidemiológico.
Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp, aponta a falta de vontade do ministério em implementar as medidas de prevenção, mesmo diante do ataque ao sistema SUS.
Rodrigo Cruz mencionou que tanto o ministério quanto a empresa têm políticas de backup, e que uma investigação está em andamento para esclarecer os detalhes do incidente.
Atualmente, os viajantes que ingressam no Brasil devem apresentar um teste de PCR negativo realizado até 72 horas antes do embarque, ou um teste de antígeno feito até 24 horas antes.
O Ministério da Saúde não estabeleceu um prazo para o restabelecimento completo do ConecteSUS. Enquanto isso, os brasileiros podem apresentar o cartão de vacinação físico ou certificados estaduais e municipais para comprovar a imunização.
Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.