Ascom/DGH promove debate sobre desinformação em saúde


O enfrentamento da desinformação em saúde é um tema que tem ganhado destaque, especialmente em um contexto onde a informação circula de forma rápida e muitas vezes descontrolada. Recentemente, no dia 15 de abril, foi realizada uma oficina promovida pela Ascom/DGH (Assessoria de Comunicação Social do Departamento de Gestão Hospitalar) na Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro. O evento reuniu profissionais de diversas áreas da saúde para discutir como a desinformação está prejudicando a confiança da população nos serviços públicos de saúde, mais especificamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

O fenômeno da desinformação não é novidade, mas sua intensidade e alcance se amplificaram com a pandemia de COVID-19. A presença massiva de informações não verificadas, teorias da conspiração e a disseminação de conteúdos falsos nas redes sociais têm afetado a maneira como as pessoas enxergam a saúde pública e as políticas governamentais. Neste artigo, abordaremos os principais pontos discutidos na oficina, a importância da comunicação científica e institucional e as estratégias para combater essa desinformação que ameaça a saúde e o bem-estar da população brasileira.

A importância da conscientização sobre a desinformação

A desinformação se apresenta como um desafio complexo, exigindo um olhar multifacetado para compreendê-la. Durante a oficina, a jornalista Pâmela Pinto, que possui mais de 12 anos de experiência no Ministério da Saúde, apresentou um panorama sobre como as informações são disseminadas e consumidas. Um dos aspectos mais alarmantes é que a publicidade e a comunicação em saúde são frequentemente minadas por conteúdos que não só desinformam, mas que também geram medo e desconfiança nas pessoas.


Pâmela destacou que muitas vezes, a ‘economia da atenção’ predomina em um cenário onde os indivíduos precisam filtrar uma enorme quantidade de informações, e isso ocorre em um contexto de desigualdade econômica e de acesso a informações de qualidade. Essa realidade torna a tarefa de esclarecer e educar a população ainda mais desafiadora. Os trabalhadores da saúde têm um papel fundamental nessa luta, uma vez que a comunicação correta pode fazer a diferença entre a aceitação e a rejeição de medidas essenciais de saúde pública.

Como a desinformação opera nas redes sociais

As redes sociais se tornaram um canal poderoso para a disseminação de informações. Embora sejam uma ferramenta valiosa para a comunicação, elas também são um solo fértil para a proliferação de boatos e informações falsas. A apresentação de Pâmela Pinto incluiu uma análise detalhada dos mecanismos que facilitam essa propagação. Entre eles, destacam-se os compartilhamentos em longo alcance e a viralização de conteúdos enganosos.

Casos emblemáticos, como o famoso “Dente da Shopee”, que ensinava a criar próteses dentárias caseiras, demonstram como um único vídeo pode impactar significativamente a saúde de milhares de pessoas, levando-as a buscar soluções perigosas e ineficazes. Além disso, narrativas falsas sobre vacinas têm contribuído para a hesitação vacinal e podem comprometer políticas públicas essenciais para a saúde.

A comunicação científica precisa ser fortalecida, e isso inclui não só a clareza das informações, mas também a empatia na comunicação. Os profissionais de saúde devem ser treinados para se comunicar de forma efetiva, utilizando uma linguagem que ressoe com o público e que desconstrua as narrativas falsas.


A resposta do Ministério da Saúde

Como resposta a esta situação alarmante, o Ministério da Saúde lançou o programa interministerial “Saúde com Ciência”. Essa iniciativa, apresentada durante a oficina pelas comunicadoras Ana Beatriz Magalhães e Jacqueline Peruzzo, visa combater a desinformação em saúde, especialmente em relação a campanhas de vacinação. Com dados que apontam mais de 340 milhões de usuários expostos a conteúdos desinformativos sobre saúde, a urgência dessa ação é evidente.

O programa “Saúde com Ciência” se dedica a criar um arcabouço de informações corretas e acessíveis à população, além de reforçar a transparência nas comunicações do SUS. Isso envolve a produção de materiais educativos e a realização de campanhas que incentivem o diálogo e a educação midiática. O foco é capacitá-los a distinguir entre informações verdadeiras e falsas.

Construindo confiança na saúde pública

Um dos principais desafios enfrentados é a construção da confiança na saúde pública. Essa confiança é fundamental para o sucesso de qualquer política pública, especialmente em saúde. Durante a oficina, foi destacado o papel da educação midiática na formação de cidadãos críticos, capazes de analisar informações de forma mais acurada. Ao promover um ambiente de diálogo, o Ministério da Saúde busca não apenas esclarecer dúvidas, mas também fomentar um engajamento ativo da população nas questões de saúde.

O fortalecimento da comunicação com a comunidade é uma estratégia eficaz, pois permite que a população se sinta parte do processo e não apenas um receptor passivo de informações. O conhecimento sobre como a desinformação pode afetar seus direitos e a saúde coletiva é um passo importante para a empoderamento.

Cartilhas e materiais educativos como ferramentas de combate

Ao final da oficina, foi apresentada a cartilha “Desinformação sobre saúde: Vamos enfrentar esse problema?”, uma publicação desenvolvida pela Rede Conecta em parceria com o Ministério da Saúde e a Fiocruz. Este material educativo visa fornecer orientações práticas sobre como identificar e combater informações falsas que circulam, especialmente nas redes sociais. Disponível em formatos digital e impresso, a cartilha é uma ferramenta importante para a capacitação dos trabalhadores da saúde e da comunidade em geral.

A promoção de materiais educativos e a realização de workshops são práticas que podem ajudar a disseminar não apenas a informação correta, mas também a ensinar como procurar e validar informações sobre saúde. Essas iniciativas podem contribuir para a formação de um público mais consciente e preparado para lidar com a desinformação.

Interação da comunidade e a troca de experiências

Um ponto positivo destacado na oficina foi a participação ativa do público. As discussões permitiram uma troca significativa de experiências e sugestões sobre como enfrentar a desinformação em saúde. Este tipo de interação é crucial, pois a experiência de cada profissional pode trazer insights valiosos para o fortalecimento das iniciativas existentes.

O formato da oficina refletiu uma abordagem colaborativa, onde cada voz foi ouvida, e novas ideias foram geradas. Essa participação ativa é vital para o fortalecimento das políticas de saúde pública, uma vez que a colaboração entre diferentes áreas de expertise pode render resultados mais eficazes.

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A educação midiática como chave para o futuro

A educação midiática se apresenta como um campo de vitórias potenciais no combate à desinformação. Ela visa capacitar indivíduos a reconhecerem informações válidas e a entenderem a manipulação que pode ocorrer nas mídias sociais. Incorporar essa abordagem nos currículos escolares e em programas comunitários pode se transformar em um investimento valioso para o futuro da saúde pública e da comunicação.

À medida que a tecnologia avança e novas plataformas de comunicação surgem, a desinformação pode se reinventa à medida que se espalha pelos canais conhecidos e emergentes. Portanto, a educação midiática deve ser um componente contínuo das estratégias de enfrentamento e de formação de cidadãos críticos.

Perguntas frequentes

Como a desinformação pode afetar a saúde da população?

A desinformação pode criar desconfiança nas vacinas e tratamentos, levando a uma adesão menor às políticas de saúde pública e comprometendo o bem-estar coletivo.

O que é o programa “Saúde com Ciência”?

É uma iniciativa do Ministério da Saúde que busca combater a desinformação em saúde, promovendo informações corretas e material educativo.

Quais foram os principais temas abordados na oficina?

Os temas incluíram os mecanismos de propagação da desinformação, importância da comunicação e ferramentas práticas para combate.

Como posso identificar informações falsas sobre saúde?

Uma boa prática é verificar a fonte da informação, buscar evidências científicas e consultar profissionais de saúde confiáveis.

Qual o papel dos profissionais de saúde na luta contra a desinformação?

Os profissionais devem promover a educação e esclarecer dúvidas, usando uma linguagem acessível para melhor comunicar as informações corretas.

O que está na cartilha apresentada na oficina?

A cartilha oferece orientações práticas para identificar e combater desinformação sobre saúde, visando capacitar a população e os trabalhadores da saúde.

Conclusão

O debate sobre a desinformação em saúde e seu impacto no SUS é uma preocupação premente que exige atenção e ação coordenada. Com iniciativas como a promovida pela Ascom/DGH, há um caminho a ser trilhado com esperança. A educação, a comunicação clara e a empatia são ferramentas poderosas para restabelecer a confiança e garantir que a população tenha acesso a informações de qualidade.

Enfrentar a desinformação não é uma tarefa fácil, mas é fundamental para a saúde pública. Assim, é vital que todos nós, como cidadãos e trabalhadores da saúde, nos unamos nessa luta, fortalecendo uma rede de informações corretas e acessíveis para todos. Com isso, podemos não apenas melhorar a compreensão da saúde, mas também preservar a integridade das políticas públicas que afetam nossas vidas.