Iniciou-se, nesta segunda-feira (9/8/21), a 27ª Reunião da Rede UNA-SUS, com foco em Educação em Saúde Digital. O evento acontece de forma virtual de 9 a 12 de agosto e reúne Instituições de Ensino Superior da Rede UNA-SUS para discutir sobre a melhoria e transformação da saúde por meio da utilização adequada das tecnologias da informação e comunicação. Além disso, serão compartilhados os resultados de pesquisas sobre informação e informática em saúde realizadas em nível regional e nacional.
Palestra Inaugural com Gabriela Nunes Neves
A primeira palestra do evento foi conduzida por Gabriela Nunes Neves, analista técnica de políticas sociais da Coordenação-Geral de Inovação em Sistemas Digitais do DATASUS. Gabriela é responsável por colaborar nas ações de implementação das Estratégias de Saúde Digital no Brasil.
Durante sua apresentação, a analista contextualizou as Estratégias de Saúde Digital, que tiveram início em 2015 com a Política Nacional de Informática em Saúde (PNIS), seguida pela implementação da Metodologia para Planos de Ação, Avaliação e Monitoramento pela OMS em 2016. Em 2017, foi publicada a estratégia E-Saúde, posteriormente evoluindo para Saúde Digital. Gabriela ressaltou que o Ministério da Saúde tem continuado a promover esforços em saúde digital desde 2017, culminando na atualização e revisão da PNIS em 2020 pelo DATASUS. Essa atualização alinhou os planos de transformação digital incentivados pelo governo.
Estratégias de Saúde Digital e Políticas Nacionais
No final de 2020, a OMS lançou a Estratégia Global de Saúde Digital, seguida pela publicação da Estratégia de Saúde Digital para o Brasil, com vigência de oito anos (2020-2028). Em julho de 2021, o DATASUS apresentou a nova Política Nacional de Informação e Informática em Saúde, destacando o compromisso nacional com a saúde digital. Essa diretriz visa ampliar o acesso à informação em saúde, promovendo a continuidade do atendimento em todos os níveis de cuidados à saúde, visando aprimorar o atendimento, o fluxo de informações e fortalecer diversas áreas como decisões clínicas, vigilância em saúde, regulação, gestão, ensino e pesquisa.
Gabriela enfatizou que a diretriz está fundamentada em sete eixos prioritários: governança e liderança para a Estratégia de Saúde Digital; informatização dos três níveis de atenção à saúde; suporte à melhoria da Atenção à saúde; empoderamento do usuário; formação e capacitação de recursos humanos; ambiente de interconectividade; e ecossistema de informação.
Dentro do eixo de capacitação de recursos humanos, destacam-se os cursos sobre Saúde Digital oferecidos pela UNA-SUS/UFG, que já contaram com mais de 11 mil matrículas, assim como a possibilidade de realizar pós-graduação nesse tema. O DATASUS reconhece a educação como um fator crucial para impulsionar a saúde digital, investindo para que os profissionais de saúde possam acreditar nessa estratégia e ampliar as iniciativas de saúde digital em busca da visão estratégica.
Programas Emergentes de Saúde Digital
Outros programas fundamentais abordados durante o evento foram o Conecte SUS e a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). A Rede visa conectar atores e dados em saúde em todo o país, estabelecendo a Plataforma Nacional de Inovação, Informação e Serviços Digitais de Saúde, um mecanismo que propicia a integração de diversos sistemas de informação. Já o Conecte SUS, como parte da Estratégia de Saúde Digital para o Brasil, favorece a troca de informações de saúde entre os diversos pontos da Rede de Atenção em Saúde, tanto pública quanto privada, possibilitando a continuidade e transição do cuidado.
Luiz Carlos Lobo, colaborador da SE/UNA-SUS, frisou a importância de que todos os municípios adotem o mesmo prontuário eletrônico para a Atenção Básica, garantindo o compartilhamento dos dados em diferentes níveis de atendimento. Ele ressaltou a necessidade de centralizar as informações em torno do paciente, mantendo-as sempre atualizadas.
Desafios e Reflexões sobre a Saúde Digital
Durante o debate, a professora Patrícia Tavares dos Santos da UNA-SUS/UFG enfatizou a importância de uma coleta eficaz de informações dos pacientes na formação dos profissionais de saúde, a fim de garantir a continuidade do cuidado e favorecer a integralidade do SUS. Ela destacou que é desafiador para os profissionais de saúde, especialmente em tempos de pandemia, lidar com a sobrecarga de informações constantes. A professora ressaltou a necessidade de alfabetização em saúde digital para a população, visando a autonomia do usuário do SUS e a sua atuação como protagonista da própria saúde, considerando as diferentes realidades do país, como acesso à energia elétrica e internet.
Luiz Roberto de Oliveira, coordenador da UNA-SUS no Núcleo de Tecnologias e Educação a Distância em Saúde, salientou que em meio às rápidas transformações digitais da sociedade, a formação torna-se crucial. Ele chamou a atenção para nuances como a convergência digital, enfatizando que a saúde digital é um fenômeno cultural que deve ser promovido desde a educação básica até o ensino superior. Oliveira reforçou a responsabilidade das universidades em apoiar a institucionalização e consolidação da saúde digital no país.
Assista à gravação completa da palestra no canal do NUTEDS no YouTube: -s?t=2405″>https://youtu.be/oHQ5NuuS_-s?t=2405.
Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.