O Ministério da Saúde avalia a introdução de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) no Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de aprimorar o atendimento, agilizar processos e ampliar o alcance dos serviços para regiões de difícil acesso físico.
Segundo a pasta, a implementação da IA representa um avanço na área da saúde no Brasil. No entanto, existem desafios a serem superados para integrar com segurança essa tecnologia aos serviços de saúde, garantindo a proteção tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde.
Situação Atual da Saúde Pública no Brasil
O Brasil é um país de vastas dimensões geográficas e diversas disparidades sociodemográficas. As desigualdades na distribuição de renda, acesso aos serviços de saúde e outras demandas podem ser significativas em diferentes regiões.
Por exemplo, na região amazônica, o acesso aos serviços de saúde é um desafio devido à dificuldade de acesso por via aquática, o que dificulta o acompanhamento dos pacientes. Isso resulta em doenças que poderiam ser tratadas precocemente se tornando crônicas, levando a desfechos fatais devido à falta de atendimento oportuno e seguro. Além disso, existem barreiras culturais e financeiras que impedem as pessoas de receberem atendimento de forma rápida e eficaz.
As filas de espera, a escassez de profissionais, os horários de atendimento e outros obstáculos prejudicam a população, atrasando diagnósticos, tratamentos e a garantia de um acesso digno e de qualidade à saúde. Apesar dos princípios do SUS abraçarem a universalização, equidade, integralidade e descentralização, ainda há um longo caminho a percorrer para assegurar esses princípios.
Desafios e Potenciais da IA no SUS
A implementação da IA como uma aliada para melhorar, expandir e garantir atendimento de saúde levanta questões sobre a viabilidade e eficácia dessa tecnologia. A Secretaria de Saúde e Informação Digital (SEIDIG), criada em janeiro de 2023, investiga a possibilidade de utilizar a IA como uma ferramenta de suporte para aprimorar o acesso, monitoramento e acompanhamento da saúde no país.
A chefe da secretaria, Ana Estela Haddad, acredita que a IA pode contribuir para a redução das filas, realizar triagens para encaminhamentos e monitorar ativamente pacientes com diversas condições de saúde. No entanto, é crucial considerar a desigualdade tecnológica da população brasileira e garantir a segurança e privacidade dos dados dos usuários e profissionais de saúde.
O projeto de lei 2338 de 2023, proposto pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG), que versa sobre o uso da Inteligência Artificial no Brasil, visa abordar algumas dessas preocupações. A regulamentação da IA é essencial para uma implementação segura e confiável, promovendo a confiança dos usuários e incentivando o uso responsável dessa tecnologia como uma ferramenta de melhoria.
Dentre os possíveis benefícios da IA no SUS estão a triagem de casos, acompanhamento de pacientes (como os com diabetes, pressão alta, gestantes, etc.) e o auxílio em exames clínicos para detectar anomalias laboratoriais. Na UTI, a IA poderia monitorar, prever fatores de risco e chances de agravamento, sempre sob supervisão humana.
A utilização da IA demanda uma capacitação profissional adequada para garantir sua eficácia. Embora o governo não tenha pressa para implementar a IA no SUS, é fundamental estabelecer bases sólidas para garantir que, quando chegar o momento, a tecnologia seja utilizada de maneira eficaz, promovendo avanços e melhorias na saúde pública.
Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.